14 abril 2018

Vida, luta, lição do outono!!!



Ah, o outono... Porque te amo, escrevo, você é minha 'ressaca de verão', minha calmaria, minha esperança. Depois da alegria, a depressão, vem a renovação. Confesso que estava esperando este momento, sei lá, queria que morresse um pouco de mim, como acontece com as folhas das árvores aqui de casa. Não importa o ano, sabemos que o outono chegará para derrubar tudo e pintar de marrom o chão do quintal. 
Engraçado como a gente deposita esperanças nas datas, nas viradas, nas trocas de estação. Hoje é outono, ontem era verão, mas nada muda subitamente. A natureza age devagar. Nós é que atropelamos as coisas.Eu que quero tudo e todas as respostas pra ontem. A perfeição é sempre a longo prazo. Mas eu sou apressada e quero que tudo mude agora, não sei esperar, não sei deixar rolar, quero mesmo pra ontem. Vou lá fora e brigo com a minha árvore preferida: Por que suas folhas não caem de uma vez? Numa tentativa de projetar nela, o que eu queria que acontecesse comigo. Ela não me responde, lógico, será que ri de mim por dentro? Daí eu chego nela e balanço até várias folhinhas caírem devagarzinho, deslizando no vento pra lá e pra cá, mas são tantas e infinitas que minha ira contra a natureza é em vão. Olho para baixo e elas formam um coração quebrado, talvez ironia da própria árvore, com seu senso de humor rebuscado, talvez uma bronca pela minha ânsia de fazer o que não está no meu controle, ou talvez ela consiga sentir o meu coração e prestou a sua singela homenagem. Quando larguei ela, machuquei o peito e percebi que ralei a mão enquanto balançava. 
Lição do outono. 




Percebi que tudo vai acontecer, querendo ou não, se apressar, vai se machucar. As folhas vão cair, as memórias vão se apagar, o sofrimento passa, a dor termina, os ciclos precisam se fechar naturalmente. Quando não há o que fazer, quando não cabe a nós, deixe estar. 
Queria saber quando foi que deixamos de fazer parte da natureza? Perdemos o que ela tem de mais sábia: paciência e tempo. 
Agora outono você que chegou chegando, vem com calma. O Lúpus não tem estação. Terei um início de 'folhas caídas', mas cheias de esperança, e fé sentimentos que me movem. Abril já está no meio, porém me reserva muitas tarefas ainda, e já estou cansada. Maio vem com tudo. Tem coisas que não posso adiar  'usando o verão' como desculpa para não encarar minhas folhas que estão caindo: essas dores, o cisto gigante no meu joelho, o problema com meu catéter portocath, a retirada dele, a recolocação de um novo, os riscos e por aí vai. 

Meu pedido à ti, outono, é que venha calmo. Preciso de sua calmaria pra me acalmar. E preciso assim como você, trocar 'minhas folhas secas' por ares novos. 

Tenho ESPERANÇA no que virá... 



A gente vive buscando garantias. 
Queremos que dê certo, queremos fazer dar certo,
lutamos para colocar tudo nos trilhos, nos eixos. 

Mas a vida segue seu ritmo.
Os sentimentos têm seus próprios passos de dança.
E de vez em quando somos obrigadas a ensaiar um
novo passo.
Nem sempre dura.
Nem sempre é eterno.
Nem sempre é como um sonho bom.
E precisamos lidar com isso.
Nem que seja na marra.
Nem que tenha que engolir o choro e de vez em quando

forçar um ou outro sorriso. 

Ana Paula G. Heinze 04/2018

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