09 abril 2018

Um Sonho de Cinderela

Como havia prometido hoje venho relatar a realização de um grande sonho da menina/mulher Ana: a formatura em História, pela Unisc, em 16 de agosto de 2008. Para muitos, esse acontecimento pode ser visto como apenas mais uma etapa da vida, e não mais do que isso, não necessitando deste destaque tão especial que vamos dar através destas palavras vindas dela e de sua mãe. No entanto, não seria mentira dizer que Ana Paula  precisou se “beliscar” para confirmar que não se tratava apenas de um sonho.
Após os estágios de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, aproximava-se o dia da colação de grau. Amigos e familiares se “escalavam” para festejar o grande acontecimento, aguardando convite para a ocasião. Ana ficou muito emocionada com as demonstrações de carinho e solidariedade. Todavia, as despesas eram muitas. Então, o que fazer?
Amigas emprestaram vestidos, outras ofereceram calçados e estolas para o frio: nada servia. A única maneira seria adaptar um dos vestidos oferecidos, ajustando e modificando. Alguém se ofereceu para doar os convites da formatura. Outros perguntavam: “Do que a Ana precisa?”. Assim, tudo acontecia como em um sonho de Cinderela. Apenas um importante detalhe fazia toda a diferença: nada era imaginário.
Decidiram, então, enviar convites a todos aqueles que sempre conviveram com Ana e que acompanharam de perto sua rotina - amigos, companheiros de jornada, familiares... Foram tantos! Alguém sugeriu que, após a cerimônia, fosse feita uma confraternização em um restaurante, em que cada convidado assumiria suas despesas. Não era exatamente o que Ana e sua família queriam, mas era o que poderiam oferecer. Em momento algum ela imaginava que teria a solidariedade, a amizade e a compreensão que teve. Entre os convidados, estavam presentes muitas pessoas que, assim com a menina sonhadora e seus familiares, teriam dificuldade em oferecer jantares em restaurantes, além de outros que, por sua rotina, estavam habituados a fazer suas refeições fora, e que poderiam até mesmo deixar de atender ao convite pelo grande número de compromissos paralelos.
E assim chegou o tão esperado dia. Arranjos com flores, presentes, cartões e homenagens não paravam de chegar. Hoje em dia, é até difícil de acreditar, mas houve mesmo quem assumisse as despesas das fotografias, e outros doaram álbuns de formatura. E como se essa generosidade fosse pouco, ainda houve famílias que fizeram doações financeiras para custear as despesas. Assim, provando definitivamente que um conto de fadas pode ser muito mais do que uma mera história imaginária para crianças sonhadoras, nossa Gata Borralheira se transformou em uma linda, adorável e verdadeira Cinderela. Nesse conto real, fadas-madrinhas reais doaram sapatos novos, aluguel de vestido de princesa, salão de beleza e tudo que uma jovem pode sonhar para um momento tão inesquecível.
Para a cerimônia de formatura, compareceram pessoas muito especiais, como Dª. Eva, uma senhora desconhecida de Porto Alegre, de idade avançada e com problemas de saúde, e que foi à Unisc conhecer pessoalmente a jovem por quem havia tanto rezado. Também deslocou-se de Porto Alegre, especialmente para a colação de grau, a jovem fisioterapeuta Camila, que muito “brigou” com Ana Paula nas horas de fisioterapia no hospital.
É impossível esquecer que, nesses dois anos de jornada ( de 2006 a 2008), Deus levou consigo familiares, como o pai de Ana Paula, Pedro Heinze, falecido em maio de 2006. Levou também alguns amigos, companheiros ainda jovens, como Melissa, de Lajeado, Lisi, de Porto Alegre, Paulinho, de Santa Cruz, além de sua amiga Júlia, sempre tão próxima, esta que sempre deu forças a Ana mesmo em seus momentos mais críticos. Ana ainda lembra muito dela dizendo: “Vamos, Aninha! Vamos juntas vencer esta batalha!”. Com certeza, eles têm agora uma nova e importante missão: olhar e interceder por todos junto a Deus. Assim, fica a certeza de que eles cumpriram plenamente sua etapa na vida de Ana, e que ela ainda tem uma missão de solidariedade e amor ao próximo aqui na Terra. Que cada um cumpra a sua tarefa, esteja onde estiver, haja o que houver.
Ana sempre agradece a  todos que sempre lhe concederam palavras e gestos de apoio, solidariedade e amizade. Ela lembra que as secretarias municipais de Saúde e de Assistência Social e a Defensoria Pública amparam ela até hoje, nas constantes viagens de controle de saúde e no uso de medicação permanente.
E, enfim, a nossa linda Cinderela agradece a Deus, pelo dom da vida, pela fé e por cada dádiva recebida, dádivas que, pequenas ou grandes, são sempre significativas.
( Esse trecho final eu deixo como minha mensagem pessoal- Em minhas palavras- Ana Paula) 
Ao recordar todos esses momentos, difíceis ou felizes, tenho em mente que, se uma história chega ao seu final, uma outra agora se inicia. Sei que, entre as leis que regem a vida, a que mais se evidencia, na minha estreita visão terrena, é a imprevisibilidade. Acredito, porém, que nada do que acontece é casual, e que há um plano maior, muito além da nossa compreensão, em que tudo, mesmo o sofrimento, é justificado, ou tem sua razão de ser. É muito comum ouvir dizer que, para poder apreciar a vastidão e o significado maior de uma paisagem, é preciso escalar toda uma montanha. Eu acredito realmente nisso. Dessa forma, se hoje vejo os dias passados com olhos mais tranquilos, e se agora me encontro apaziguada, é porque cada acontecimento contribuiu para isso. Muito se repete também que nada do que se alcança com facilidade tem grande valor. Essa é a razão de vermos, na formatura, a realização de um sonho antes quase impossível para mim. Não sei o que me reserva o dia de amanhã, não sei como será essa nova história. Certezas, quem as tem? No entanto, creio possuir algo que vejo como bens mais preciosos, e, se não estiver enganada, chamam-se “esperança” e “coragem”, dádivas concedidas por Deus através de tudo que vivi. Assim, aguardo o dia de amanhã sem ignorar que cada um deles trará novos desafios. Mas sei que, nessa jornada, ninguém está sozinho.                    
 Minha fé é minha guia. E tudo posso naquele que me fortalece.

Ana Paula Gewehr Heinze- 2018

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