Hoje irei falar sobre a medicação ainda 'nova' para muitas pessoas, desconhecidas para outras. Também falarei sobre a decisão tomada em conjunto com minha equipe médica por aderir às infusões da mesma. Espero que eu consiga esclarecer um pouco as dúvidas de vocês!
O QUE É O BELIMUMABE/BENLYSTA?
É um medicamento injetável de
anti-corpo monoclonal humano de investigação. É uma proteína que combate o
processo responsável por levar o corpo do paciente a atacar as próprias células
de defesa. É o 1° fármaco para LÚPUS em 5 décadas, sendo um tipo de anti-corpo,
que dificulta o amadurecimento dos linfócitos B para reduzir seu ataque aos
tecidos saudáveis do organismo. É o 1° medicamento desenvolvido especificamente
para atuar no tratamento contra a doença. A aplicação é feita por infusão
venosa em até 15 doses por ano. O tratamento com BENLYSTA é ministrado em
paralelo a outros medicamentos e, apesar das limitações em sua indicação, é
muito bem-vindo e representa mais uma esperança, sobretudo para pacientes que
NÃO ALCANÇAM UM BOM CONTROLE DA DOENÇA. Com o Benlysta há uma esperança de se
resgatar os pacientes dos efeitos colaterais provenientes das medicações
atualmente prescritas, como no caso daqueles que estão sob imunussupressão,
acreditando ser um importante avanço para o controle do LES.
Dúvidas quanto ao custo benefício e pagamento pelo
tratamento pelo SUS-> Não posso responder quanto ao pagamento do SUS ao
tratamento com o Benlysta. Acredito que sendo esse tratamento indicado como
último recurso para pacientes com LES, o médico reumatologista responsável pelo
paciente deverá fornecer um laudo justificando a necessidade da liberação do
tratamento com a referida droga, colocando como motivo contraindicações
surgidas no tratamento com outros medicamentos usados anteriormente. Isso será
levado a um processo judicial onde será decidido a liberação ou não desse
tratamento. Não posso informar com certeza se é esse o procedimento, pois faço
o tratamento com o Benlysta desde julho de 2014, mas tenho um plano de saúde
que cobre a despesa ( não é SUS). Cada infusão do Benlysta custa
aproximadamente R$3800,00 valor relativo a cada dose indicada para uma pessoa
com até 60kg. Um paciente que receber 15 doses dessa medicação ao longo de 12
meses, dará um custo anual da terapia de aproximadamente R$57 mil para cada ano de tratamento. Esses valores
podem ser ainda muito mais altos, considerando a variação de peso dos pacientes,
ou como no meu caso com o início do tratamento tendo doses de ataque de 15 em
15 dias. Atualmente faço as aplicações a cada 28 dias. A decisão da liberação
do pagamento do tratamento é feita após a justificativa do médico
reumatologista no pedido do tratamento.
Quem pode usar o Benlysta? Apenas pacientes que apresentam
sintomas agudos e já fazem o tratamento padrão têm indicação para o uso do
Benlysta. É indicado para pacientes que não apresentam boa resposta ao
tratamento convencional, podendo representar maior controle dos sintomas e
menos reações adversas. O medicamento biológico tem este nome porque contém
proteínas geradas em laboratório por organismos vivos. Também pode trazer
efeitos colaterais efetivamente indesejáveis, como catarata, estrias, ganho de
peso, osteoporose, osteonecrose, doença coronariana, acidente vascular cerebral
(AVC) e aceleração dos fenômenos asteroscleróticos. A Anvisa aprovou a venda
desse 1° medicamento da classe dos biológicos no país para controlar os
sintomas do Lúpus Eritematoso Sistêmico. A decisão do uso do Benlysta é
sugerida pelo médico reumatologista, que tomará a decisão final em conjunto com
o paciente.
Quanto ao
TERMO DE CONSENTIMENTO: Foi feito em
duas vias, UMA PARA MIM E OUTRA PARA O MEU MÉDICO, e segue anexo parte do
mesmo. Acho importante que tenhamos conhecimento dos benefícios, riscos,
potenciais complicações e alternativas possíveis para o uso de imunobiológicos,
como o BENLYSTA. Quanto ao acesso ou não a esse termo de consentimento, não sei
se é obrigatório ou não, mas considero o mesmo algo simples que explica de
forma clara e acessível detalhes quanto ao uso do imunussupressor. Acho natural
assinar um TERMO, uma vez que quando me submeto a cirurgias e anestesias
gerais, sempre recebo documentos com instruções e que, se concordo, devo
assinar. Isso, até mesmo em exames, como os de medicina nuclear. Acredito que
faz parte do processo.
Por que EU estou usando o BENLYSTA? Iniciei tratamento para o
LES com GLICOCORTICÓIDE EM DOSES ALTAS, tendo boa resposta clínica. Precisava
manter droga imunussupressora continuamente e a melhor opção tinha sido
MICOFENOLATO MOFETIL. Entretanto, vinha tendo LEUCOPENIA com o uso dessa
medicação. Uma opção de tratamento seria a AZATRIOPRINA, mas tive PANCREATITE
AGUDA com o uso dessa medicação e, portanto, também é descartada. Além da
CISTITE LÚPICA, tenho outros indícios de
atividade da doença, como ARTRITE, E CONSUMO DE COMPLEMENTOS. Sou dependente de
CORTICÓIDE e já fazia tratamento padrão para o LES. O uso do BENLYSTA foi solicitado
NO MEU CASO devido às reações com o uso do Micofenolato e da Azatioprina. Além
das aplicações deste medicamento tomo uma série de outros medicamentos paro o
LES, diariamente, incluindo a HIDROXICLOROQUINA 400mg.
Onde ( ambiente) é feita a APLICAÇÃO DO BENLYSTA? O produto
é enviado diretamente para o setor de aplicações de TERAPIA IMUNUBIOLÓGICA E
QUIMIOTERAPIA do CENTRO DE CÂNCER DO HOSPITAL MÃE DE DEUS, onde é agendado e
realizado o procedimento. Tenho uma carteira onde constam as datas e horários
das aplicações (no meu caso atualmente a cada 28 dias). Elas são realizadas em
salas específicas de quimioterapia, após a verificação de meus sinais vitais.
Demoram 1 hora, e depois de terminar o procedimento, preciso permanecer mais 1
hora nas dependências do prédio, aguardando a liberação caso não surgirem
reações a aplicação.
A doença
Embora
atinja indivíduos de ambos os sexos e de diferentes origens, a maior incidência
do LES é registrada em mulheres afrodescendentes, com idade entre 15 e 50
anos. Sua causa clínica é desconhecida, mas entre os fatores de risco
comumente relacionados ao surgimento dessa patologia encontram-se: herança
genética, aliada a gatilhos como exposição solar em excesso e desequilíbrio
emocional, como o estresse. Já
as reações orgânicas provocadas pelo LES variam de acordo com a severidade e
seus estágios. Nas formas mais leves, ou de menor atividade da doença, a pessoa
pode desenvolver artrite, fadiga, perda de cabelo e problemas na pele. À medida
que o desequilíbrio imunológico não é controlado, outros sintomas podem ser
desencadeados, como queda no número de hemácias (anemia), plaquetas e glóbulos
brancos (leucócitos) no sangue. Nos
casos mais graves pode haver acometimento dos rins, ocasionando perda de
proteína na urina, inchaço nas pernas e insuficiência renal – o que pode levar
à necessidade de sessões de hemodiálise. Quando acomete o sistema nervoso
central, a doença pode provocar desde dores de cabeça até convulsões e
paralisia. Devido
a essas alterações, o portador de LES pode apresentar sintomas frequentes de
alterações de humor, depressão, inflamação na pele, juntas, cérebro, rins,
coração e membranas que recobrem o pulmão, perda de apetite, febre baixa e
fadiga crônica. Os medicamentos convencionais são utilizados, portanto, para
combater ou minimizar essas manifestações clínicas e proporcionar reequilíbrio
do sistema imunológico.
Tratamentos convencionais
A
primeira revolução no tratamento da doença aconteceu há mais de 50 anos, com a
adoção dos corticoides (ou corticosteroides) – esteroides sintéticos que
combatem processos inflamatórios. Em pacientes com LES, eles são usados para
controlar as inflamações que ocorrem em vários tecidos do corpo. Mas esse
benefício é comumente acompanhado de vários efeitos colaterais, cuja frequência
está diretamente relacionada às doses utilizadas e ao tempo de uso, como ganho
de peso, enfraquecimento dos ossos e da pele, infecção, diabetes e inchaço
facial. Assim como os corticosteroides, os
demais medicamentos utilizados no tratamento do LES (antimaláricos,
imunossupressores e anti-inflamatórios não hormonais) têm uma ação limitada quanto ao
controle da doença. Por esse motivo, algumas pessoas dependem do uso contínuo
desses agentes, o que aumenta as chances de surgirem os vários efeitos adversos
e, consequentemente, ocasionam uma baixa aderência dos portadores aos tratamentos
e até o abandono da terapia. “Hoje, uma mulher entre 30 e 40 anos [público
no qual predomina a doença] tem índice de mortalidade maior do que uma mulher
da mesma faixa etária sem lúpus, e não é apenas por causa da doença, mas
também, em parte, devido aos efeitos colaterais da medicação”, afirma Levy. Para
a reumatologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, Sandra Andrade, assim
como, há 50 anos, os corticosteroides representaram uma revolução no tratamento
do LES, hoje o Benlysta pode vir a ser um divisor de águas. “É uma esperança de
se resgatar os pacientes dos efeitos colaterais provenientes das medicações
atualmente prescritas, como no caso daqueles que estão sob imunossupressão”,
destaca. De
acordo com a médica, os efeitos colaterais provenientes dos imunossupressores,
sobretudo para os pacientes do sexo feminino, podem trazer muitos danos, como
insuficiência ovariana. “Essa disfunção pode levar à infertilidade e a uma
menopausa precoce, com todos os problemas advindos deste fato”, pontua a
especialista.
No dia 04 de fevereiro de 2016 farei a minha 22° Infusão do Benlysta. Sou grata a Deus por estar superando dia após dia essa batalha com o Lúpus.
Afinal:
Tudo Posso Naquele Que Me Fortalece!